Havia na cidade do interior um casal muito festeiro, ostentavam a riqueza que não tinham e viviam fazendo dívidas no banco. Seus nomes estavam sempre no vermelho, quando não era empréstimo para carro novo, era para uma "casa melhor". Amor na relação? Talvez um dia tivesse, mas tudo era muito conveniente. Ela era muito controladora e ele muito submisso. A verdadeira dona de casa era ele, cuidava melhor dos filhos que ela que sempre trabalhou fora. Mas, ainda assim, ostentavam a imagem da riqueza e choravam a pobreza ante aos parentes.
Aconteceu que um caixeiro viajante chegou nessa cidade do interior. Com muito boa lábia, atraiu as atenções das mulheres mais velhas da cidade, sendo um amante fugaz de algumas. Era conhecido como "Mandioca", já que ele era feio, mas derretia na boca de qualquer uma. Suas amantes diziam que ele sabia como se fazia uma boa "mandiocada"...
Um dia, a esposa foi fazer compras no lugar do marido que estava cuidando dos filhos. Olhando o caixeiro na feira, perguntou:
"O que o senhor vende aqui?"
"De tudo, minha senhora. Alimentos e bebidas, brinquedos de todos os tipos, eletrônicos e eletrodomésticos. O que a senhora procura?"
Ela procurou entre as coisas em exposição, mas de repente veio-lhe o desejo:
"Tem mandioca?"
Ele pegou rapidamente aquele alimento marrom grande e grosso, quase fálico, e mostrou à cliente que esperava por ele que remexia nos caixotes de comida.
"Mas que mandiocão!" - disse a esposa espantada.
"Pode ter certeza: não vai só te satisfazer, como vai derreter na sua boca..."
Acabou que a esposa festeira caiu na lábia de Mandioca, traindo o marido submisso que não aguentou: fez do chifre berrante e tocava para si mesmo por onde passava. A cidade inteira já comentava: Mandioca estava sendo sustentado e o marido, humilhado, foi-se embora tocando o berrante pelos caminhos da cidade:
"É culpa da mandioca! Eu não tenho mandiocão..."
Ana Luiza Pereira
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