Caligrafia

Mexi em coisas antigas hoje: documentos, livros, papéis... Coisas frágeis, delicadas, desgastadas com o tempo.

Na antiguidade dessa fragilidade, observo sua caligrafia: cada volta, cada subida e descida de consoantes dentais, velares e palatais, a letra levemente inclinada como se preguiçosa. Um perfeito desenho sobre um papel que fora branco e pautado.

Ali, no lugar de uma melodia de uma música de ninar, estava um poema, um desenho e seu nome. Em outra folha, desenhara as notas em melodia. Pergunto-me se um dia ensinara essa canção a alguém.

Minha atenção se volta novamente para as letras preguiçosas, as invejo. Trabalho perfeito sem o mínimo de esforço. Enquanto eu, me esforcei para ter letra igualmente perfeita e falhei.

Suas curvas me remontam a saudades cada vez mais distantes. Queria te ver, mas só consigo ouvir a melodia de ninar e os conselhos escritos em sua perfeita caligrafia.

Ana Luiza Pereira

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