O Papa Francisco instituiu desde de dezembro de 2020 o ano que é conhecido como “Patris corde” (coração do Pai), como uma forma de exaltar a figura de São José, figura tão importante para a Sagrada Família, mas pouco mencionada nas Escrituras. O que mais sabemos de São José foram histórias que sobreviveram às épocas desde a evangelização dos continentes: era Santo, o mais justo entre os descendentes de Davi, trabalhava de carpinteiro, ensinou o ofício a Jesus, era exemplo de honestidade e trabalho duro e morreu antes do primeiro milagre de Jesus nas bodas de Canaã. Dizem até que morreu nos braços do filho.
Por providência, ele não viu seu filho sofrer e morrer na terra, mas estava junto com o Pai Eterno quando isso aconteceu. Ambos pais de Jesus, ambos exemplos e ambos ensinam.
Durante a preparação da Páscoa, o coração de Jesus já estava triste e agitado. Uma semana antes, ele foi aclamado rei em cima de um burrico, com ramos de oliveiras e gritos de “Hosana ao Filho de Davi”. Ninguém sabia do que se passava no coração de Jesus, exceto o Pai Eterno.
Na Vigília Pascal, após a ceia, Jesus clamou para o Pai que queria que o “cálice fosse afastado”, mas entendia que a vontade de quem é Pai se sobrepõe a vontade de um filho. Jesus sabia que o Pai ensinava a todos os seus filhos, usando o filho mais amado como exemplo de cordeiro imolado.
O Pai também estava lá e ouviu dizer “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?” (“Meu Deus, Meu Deus, por que me abandonaste?”) e chorou ao último suspiro do filho amado, cortando as cortinas do templo e fechando os céus com nuvens.
Contudo, no coração do Pai guarda a alegria do filho. E não há alegria maior do que a Páscoa do Senhor e a Ressurreição de Jesus Cristo. O Pai e o Filho se tornam um nesta vitória sobre a morte caracterizada pelo sepulcro vazio.
Todavia, esta mensagem de reflexão não serve apenas para mais um Páscoa que vivenciamos. Estamos em uma época pandêmica, onde sepulcros estão repletos de pais e filhos que perdemos para um vírus. Estamos dentro de nossas casas, rezando, pedindo e implorando para que este cálice seja afastado de nós e nossas famílias. Gritamos com raiva contra Deus Pai, perguntando o porquê de nos abandonar a mercê da morte. Acha mesmo que Deus não está triste? Ele é Pai e um Pai que ama seu filho, se entristece com a dor do filho, mesmo quando tem que ensiná-lo o caminho certo.
Porém, mais uma vez, Deus veio nos ensinar a ter esperança num sepulcro vazio e numa vitória sobre a morte. Uma Páscoa é mais do que chocolates e mesa cheia, é a esperança de uma superação de um momento de trevas que nos parece tão insuperável quanto pareceu a Cristo e que ele pensou naquela Vigília Pascal. Mas ele vigiou e foi feito a vontade de Deus, assim também devemos nós vigiar para não cairmos em tentação que a vitória chegará. A alegria do filho irá chegar no coração do Pai também.
Ana Luiza Pereira
0 comentários:
Postar um comentário
Comenta, por favor!