“Why do they always send the poor?” (Por que sempre enviam os pobres?) - esse é o primeiro verso de uma das músicas mais conhecidas da banda System of a Down. Como pode-se imaginar, o verso se refere a uma luta armada, uma guerra, como a maioria das canções escritas pela banda, cujos membros viram com os próprios olhos o que a guerra fez à sua nação.
Analisando especificamente esse verso e seu tema, fica fácil definir uma resposta: a guerra é uma ferramenta de manipulação da classe pobre através do medo e do ódio, afinal, grupos extremistas nasceram com o desejo de uma vingança de um inimigo que os oprime e os massacra. A manutenção do poder da classe alta não se dá somente pela morte do pobre, mas pela esperança em um salvador. Ora, o Messias de um povo vem através da política de seu país, sempre com promessas e discursos absurdos, o salvador é eleito na vã esperança de uma resolução.
Contudo, o messias se torna salvador dos grandes que o apoiam: protege empresários e oprime o pobre restringindo sua liberdade e conhecimento. Ignorância se torna liberdade; não para quem é ignorante, mas a quem pode usar essa ignorância para manipular o apoio da massa. A informação se torna uma ferramenta tanto do manipulador quanto do manipulado, pois apenas o senso crítico do manipulado poderia libertá-lo de tal opressão. Todavia, a informação é usada como forma de disseminação do medo e do ódio, aumentando o apoio a quem não importa se o pobre está com fome e morrendo no meio-fio da rua.
O pobre, então, é uma bola de futebol jogada de um lado a outro no campo sem nunca conseguir vislumbrar o gol. Os pés dos dominantes oprimem, "aumentando o desejo do oprimido se tornar também opressor" (Paulo Freire). A consciência da guerra não muda o quadro do pobre, pois o seu destino continua sendo o mesmo: morrer, seja pela fome, seja pela luta. Sendo assim, é eminente intuir que enquanto houver a opressão ao pobre, mesmo que o pobre se torne membro da classe dominante algum dia, o ciclo irá sempre se repetir, seja por vingança ou por manutenção de seu poder. Ou seja, a guerra continua sendo a paz de quem a declara.
Ana Luiza Pereira
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