Papos da mente

Uma vez doido
Sempre louco
Não há remédios
Ou pessoas que possam te "curar"
A "cura" é psicológica
Uma vez que a mente adoece
Só a própria mente pode se curar
Com alegrias ou risos
Tristeza e frustrações são doenças
Machucados, eu diria

Uma mente forte as curaria sem represálias
Uma mente fraca definharia até espremer até a última gota do seu suor angustiante
O que eu quis dizer com isso?
Que minha mente é forte o bastante para superar tudo
Mas está irreversivelmente fraca e quer me angustiar e definhar aos poucos

A boa notícia?
É que não desistirei enquanto tiver pessoas precisando de mim
A má notícia?
É que não há o que se fazer com coisas irreversíveis
Minha mente continuará a se definhar
É esse o preço que pago por ser assim e por querer e exigir demais das pessoas à minha volta
Este é o MEU PREÇO, MEU KARMA

Nossas mentes são poderosas demais
Em tudo que acreditares será sempre verdade, 
Enquanto o que não acreditares desaparecerá 
Como o tempo que se esgota na ampulheta do destino

Você é jovem, sua mente é forte
E, apesar de não confiar em si 
(o que é o seu maior erro: confiar mais nos outros que em você),
eu SEI que é CAPAZ
E é por você não ter autoconfiança que eu lhe digo:
Você nunca chegará a lugar algum assim
E há muitas pessoas que confia-lhe a vida, como EU
Por isso, PENSE e com CUIDADO

Ana Luiza Pereira
Poema escrito nos anos 2007/2008.

Merdinha

Já me sinto mal por existir. 
É como diz a canção "Eu nunca fiz questão de estar aqui". 
Sinto-me extremamente mal por envelhecer e ver a vida se passar diante dos meus olhos. 
Sinto que parei, sentei e apenas observei: 
meus amigos venceram, viveram, sentiram 
e eu ainda aqui, como se estivesse esperando o príncipe num cavalo mágico me resgatar. 
Príncipes não existem. 
Eu tenho que ser meu próprio príncipe se quiser viver também, 
mas antes, preciso me resolver. 
Resolver o quê? Você não tem problemas. 
É uma merdinha que vive debaixo do meu teto. 
Ah... Se você soubesse das dores que carrego... 
Já me sinto assim sem que você o afirme. 
A autoridade que o diz, a pessoa que  proclama tais palavras dilaceram meu coração. 
Era só uma chamada de atenção como você faz comigo. 
Mas quem sou eu para fazer? Sou uma merdinha, certo? 
Quero sumir. 
Ir descarga abaixo como a merda que diz que sou. 
A vida seria tão mais fácil sem mim: 
sem mais preocupações ou fedores a sentir. 
É uma fuga? 
Talvez seja, mas talvez eu queira apenas cumprir meu papel: 
deixar a merda feder sem ter que falar para você que te avisei.

Ana Luiza Pereira

Os ramos da traição

Hoje é domingo, um dia de festa na Igreja. Dia que damos Hosana aos mais alto dos céus, dia de recebermos Cristo, nosso Senhor, como Rei do povo com ramos de oliveira em mãos e cantos na boca. Jesus retorna com seus ensinamentos de humildade e amor após jejuar e passar por provações por quarenta dia num deserto. Quando criança, achava estranho pensar que semana que vem, o mesmo povo que o recebe com ramos na mão, o trai, vira as costas e não o reconhece como seu Rei e Mestre. Qual foi o maior erro de Jesus? Ele  não erra, mas confia em seu povo, como um Pai confia em seu filho, e seu povo o exigia crucificado. 

Hoje, vejo nessa passagem um vislumbre da natureza humana. É muito fácil receber uma pessoa em festa, dizer que a ama, mas testemunhar contra a mesma quando ela mais precisar. Somos o povo de Deus e hoje carregamos os ramos da nossa própria traição. Talvez, se Ele retornasse hoje, ainda seríamos mesquinhos e sucederia os mesmos acontecimentos. Na verdade, já fazemos. Quantas vezes nos alegramos no Senhor por passar por um momento difícil? Sabemos que Ele estava conosco, mesmo que falemos pouco “Obrigado” e mais “Por favor”. Contudo, quando Deus nos põe à prova de fogo a nossa própria fé, recuamos. Quantos testemunhos de fé renovada nós demos? Respondo esta questão: quase zero. É difícil renovar nossa fé quando o fácil é dar as costas para Deus quando Ele precisa de nós, é difícil dizer-se “de Cristo” se nos sentimos coagidos e com medo, então negamos quantas vezes for como Pedro fez ao negá-lo por três vezes. 

Contudo, não há problema em ir e voltar para os braços do Pai. Deus nos acolhe e nos deseja com todas as suas forças. Ele nos perdoa em toda sua misericórdia e nos ama em todo o seu coração, apesar de toda e qualquer traição que possamos fazer contra Ele. Ele deseja que sigamos os Seu caminho, caminho que Ele preparou para nós, mas é um caminho cheio de pedras e espinhos, cair é normal e querer se desviar também, mas Ele ainda nos ama e nos quer por perto. Se Ele é o nosso Pai e a Bíblia nos diz para que guardemos e sigamos os mandamentos de Deus, todos os dez dizem respeito a Ele e seu amor por nós, mas sobretudo estes: “Amar a Deus sobre todas as coisas” e “Honra Pai e Mãe”. Ele quer que nós O honremos e O obedeçamos. Respeito e diálogo são os pilares principais para uma boa relação com Deus-Pai. 

Entretanto, eu proponho nesse texto e neste dia de Ramos uma reflexão: quantas vezes mais carregaremos os ramos de nossas traições? Quantas vezes mais o daremos as costas, não ouviremos seus conselhos e seguiremos com as regras do mundo e não de Deus? Sejamos filhos, sejamos servos e sejamos testemunhas de um Deus vivo e de uma fé renovada. 

Ana Luiza Pereira