Quando eu tinha 9 anos, minha
formatura da 4ª série foi das princesas dos contos de fadas. Para o infortúnio
de algumas garotas, as princesas foram sorteadas e acabou que me vesti de
princesa Fiona, filme que, na época, tinha acabado de lançar. Lembro que muitas
pessoas, inclusive da minha família, não gostaram da ideia de me vestir de
Fiona, a princesa-ogra, ainda mais porque não sou ruiva e usava um cabelo com o
corte Chanel, digno da Branca de Neve.
Aposto que você se pergunta: “Mas
que diabos de carta é essa que não vem com nenhum vocativo e ainda começa com
uma história nada a ver com o seu passado que não me convém saber?” Respondo:
“Fácil, antes não entendia o porquê da sorte me premiar com o vestido
verde-bandeira, mas hoje te explicarei as razões.”
Sou sua Fiona e você é meu Shrek.
Posso ser uma princesa cheia dos “não me toques” com outros, mas contigo sou a
minha verdadeira face e não sei ser mais outra pessoa além de eu mesma. Brinco
com meus pais e algumas amigas que o passado finalmente acertou: pois o futuro me
presenteou com um Shrek idêntico fisicamente, mas não psicologicamente. No seu
interior, você é, de fato, um cavalheiro e um cavaleiro; ou seja, você é
simpático e trata bem os outros e não mede esforços para conseguir o que
deseja, por mais que, para isso, você enfrente mil dragões.
Mudando um pouco o foco desta carta,
quero falar também de amor. O meu, o seu e, principalmente, o nosso amor. A
primeira instância, evoco aqui uma das minhas músicas favoritas da banda Bullet
For My Valentine, embora você não goste muito da versão acústica, é a versão
que mais me agrada dessa música. Recolhi as partes que mais me interessa
comentar, que são:
The time is here again
(interpreto esse “The time” como cada comemoração,
principalmente de aniversário de namoro)
Prepare to be apart
(antes que você comece com a brincadeira dizendo que
quero me separar de você – o que você sempre faz – digo logo que não, não quero
me separar, mas tem dias, como hoje (30/8), dia que escrevi isso, que estamos
inevitavelmente separados e, por mais que meus pais me perguntem de você, eu
continuo ficando maluca de saudades, por mais que me prepare antecipadamente)
And it drives
you crazy (acabei comentando acima)
Each time I go away (interprete o “go away” como
minha volta para casa todos os dias)
The distance gets longer (como eu
disse: eu fico maluca de saudade, isso me faz crer que estamos há milhares de
quilômetros separados)
But it makes us
stronger
(…)
Forget about the shit that we've been through (eu sei que não sou a namorada
perfeita, muito menos, uma pessoa que merece ter alguém incrível como você ao
meu lado, mas eu tento. E, por mais que passemos por provações e, até mesmo,
algumas discussões capazes de por nosso namoro a um fio do fim – muitas delas
provocadas por mim, assumo minha culpa –, eu não vejo minha vida sem ser aquela
que já planejei ter do seu lado)
I wanna stay here forever and always
Aproveitando
o último verso de Forever and always,
iremos agora à segunda instância. Farei
agora as palavras de Catulo em um dos seus incontáveis sonetos à Lesbia, seu
amor, as minhas:
“Iocundum, mea
uita, mihi proponis amorem
Hunc nostrum inter nos
perpetuumque fore,
Dei magni, facite ut uere promittere
possit,
Atque id sincere dicat
et ex animo,
Vt liceat nobis tota perducere uita
Aeternum hoc sanctae
foedus amicitiae.”
Ou traduzido por João Angelo Oliva
Neto:
“Minha
vida!, me dizes que este nosso amor
será
feliz aos dois, será eterno.
Deuses
grandes, fazei que prometa a verdade,
que
sincera e de coração o diga
e
que nos seja dado, a vida inteira, sempre,
este
pacto viver de amor sagrado.”
Não
venho aqui falar sobre a promessa ou a sinceridade, ou qualquer outra que seja
a palavra-chave deste poema, até porque eu não duvido e nem ponho a prova esses
valores, pois já tive a prova concreta que você os tem. Mas venho falar do perpétuo,
do para sempre.
Sempre escrevi sobre o amor perpétuo
em meus textos. Mas ponho em prova aqui se eu realmente o senti antes de te
conhecer. Claro que meu amor pela minha família, especialmente pela minha
falecida avó, não conta nesse caso. Mas, ao escrever tantos poemas sobre amor,
expunha mais do que exaustivamente meu desejo do “para sempre” arrebatador.
Hoje vejo a tolice que tinha na minha falta de amadurecimento, algo perpétuo
não é para nos arrebatar e levar para longe, mas para nos acalmar e nos fazer
refletir, aproveitando cada segundo único. Aprendi isso aos poucos, inclusive,
o aprendi ao seu lado. Acho que é mais do que claro o meu desejo que seja o
nosso amor também perpétuo, principalmente, em cartas anteriores.
E, para completar meu pensamento,
ponho aqui alguns versos da música – de uma ópera que gosto muito – que desejo
dançá-la no dia do nosso casamento (se casarmos e se escolhermos uma valsa e
não um tango para dançarmos):
Love
is a curious thing
It often comes disguised
Look at love the wrong way
It goes unrecognized
So look with your heart
And not with your eyes
The heart understands
The heart never lies
You need what it feels
And trust what it shows
Look with your heart
The heart always knows
Love is not always beautiful
Not at the start
Meu
pensamento inicial é deixar essa música apenas como um encerramento de tão
linda que é, mas preciso comentar algumas partes:
O
primeiro e segundo versos me fizeram lembrar o nosso início. Você se lembra?
Antes eu não falei com você e, se não fosse por Camila, talvez eu nem falasse,
então, nem faria também um ano contigo. O terceiro e o quarto versos só
completam o nosso início: não queria nada sério, mas acabei me envolvendo
demais para não ter – sinceramente, não me arrependo de ter engolido cada
palavra.
E
como diz na ópera: eu comecei a olhar com meu coração e não com meus olhos,
afinal, só meu coração sabe o que quer, não me enganando e não mentindo.
Preciso do meu coração, forte e pulsante, apaixonado por você para escrever
aqui o que sinto, afinal, ele sempre sabe.
Nosso
início não foi belo, eu digo que foi engraçado por causa de nossas
brincadeiras, mas não estamos aqui por brincadeiras. Com um sorriso, você me
conquistou e com o mesmo sorriso e brilho nos olhos, digo pela primeira vez na
minha vida: Feliz um ano de namoro! Obrigada por cada momento especial que
tivemos.
Eu
simplesmente te amo!
Ana Luiza Pereira
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