Uma chuva fina batia na janela quebrada e embaçada do sobrado.
Triste tarde de julho...
A janela embaçada era nada mais do que o seu coração. Seus olhos verdes se debulhavam nas tristes e sentidas lágrimas e, assim, desfazia-se das bolsas de noites a fio.
Sua feição amargurada não combinava com o seu antigo jeito meigo de ser.
Silêncio.
As palavras estacionavam-se entre seus lábios mordidos, as lágrimas não cessavam e os suspiros não paravam, mesmo com a respiração calma e lenta.
Lembranças vinham como a poeira no vento em vastos campos dourados de trigo.
Trigo... Era essa cor que tonalizava suas lembranças.
A poeira das lembranças definhavam seus sonhos e planos que um dia fizera.
Correu... pelo vasto campo de trigo molhado. A saia de seu vestido se ensopava com o roçar na plantação, a terra molhada enlameava seus sapatos brancos... O vento gélido como a morte batia e ecoava seus passos rápidos e largos.
Ali; uma terra remexida, molhada pela chuva, e perto do velho orvalho.
Ela se jogara ali, fitando mais uma vez o retalho de sua lembrança marcada definitivamente em forma de coração naquele velho orvalho... E foi logo ali que dissera a primeira palavra em meses.
"Adeus", disse. "Adeus meu querido Joseph."
Ana Luiza Pereira
0 comentários:
Postar um comentário
Comenta, por favor!