Era tarde de agosto. Adolescentes como Luísa saíam bêbados de cair da festa dos universitários de Educação Física.
Ela estava apenas feliz, não bebera tanto, mas se entupira de açúcar o bastante para que fizesse atos inconsequentes; como aquele. Um único ato no qual se arrependeu e, até hoje, carrega as cicatrizes em sua memória.
Assim que ela passou pela única porta da saída da festa, viu ele; James sentado em sua motocicleta preta reluzente. Luísa já o conhecera em outra festa de colégio, ele fora especial para ela de uma forma tão intensa... Quase inexplicável. Ela o queria, mas já se conformara em não tê-lo. Ele trouxe problemas e lágrimas tão salgadas quanto o sangue que ela quisera que escorresse de suas veias, na súbita vontade do suicídio.
Mas não importava mais. Não a ela. Ela já se conformara em tê-lo como amigo, ou colega. Mas ele... Ele não. Ele estava ali para o acerto de contas, e ela já sabia disso.
"Não ficarei presa aqui por causa dele. Vivo minha vida COM ou SEM ele. Isso terá seu ponto final hoje.", pensava Luísa decidida, andando a passos largos a saída.
Ela saiu acompanhada de sua amiga, que lhe dava apoio para o final daquela história.
Saiu. A moto estava só. Passou por um beco, ele estava agarrado com sua "amiga". Luísa passou por ele sem dar um oi. Mas ele a agarra pelo braço sem que a amiga dela veja e sussurra:
- Precisamos conversar.
Ela ficou estatizada por uns segundos, seu coração acelerado, fitando aqueles olhos negros que lhes eram tão especiais.
- Ta.
Foi a única coisa que lhe viera a cabeça naquele momento. Ela não respirava perto dele! Ele a confundia e a persuadia de tal forma... Ela não pensava, apenas agia. E agia da forma que a mente maligna de James havia planejado. Depois de ter dito aquilo é que ela recobrara a consciência, e se culpava. Culpava-se mais uma vez por se deixar levar por aqueles olhos sedutores.
Seguiu seu caminho.
Porém o estresse de Luísa era tanto que ela deu meia volta e fora logo falar com ele.
- Você sabe o que quero! Você me prometeu... - dizia ele daquela forma sedutora e irresistível.
- NÃO! - dizia ela com todas as forças.
- Eu prometo que lhe deixarei em paz... - disse ele afagando seu cabelo.
Não resistiu, seus olhos brilhavam e ela mais uma vez prendia a respiração junto com a descompressão cardíaca.
Ela subiu na moto e se deixou levar.
Novamente, ela não pensava. O vento quente de final de tarde não lhe fizera recobrar a consciência. Ela estava ali, com ele e nem imaginava o que viria.
- Bela casa... - disse entrando na casa dele.
- Sim... Quer algo para beber? - disse ele gentilmente sedutor.
- Não, obrigada. Bebi muito na festa... - mentiu Luísa.
- Eu insisto. - disse ele voltando da cozinha com dois copos de Coca-Cola. - Façamos um brinde: a essa tarde. - disse ele e sorriu de lado.
"Irresistível.", pensou Luísa dando um gole no refrigerante.
Mas, derrepente, seus copos caíram e seus corpos se entrelaçaram. Ele a beijava...Ela, correspondia.
Ela não sabia o que pensar, como agir, o que fazer... Apenas o beijava. Era tudo o que ela queria; seu beijo e seu toque.
Mas ele queria mais.
Ele começava a despi-la. "Não, não, não...", pensava Luísa incansavelmente. Ela não queria transar, não ali, não agora. Não antes que ele a pedisse em namoro.
Doce ilusão... Infantil, eu diria.
Mas ela estava grog, seus beijos a deixavam assim; era o que ela pensava. Ela não percebera um gosto diferente no refrigerante; drogas. Ele a drogara porque sabia que ela em sã consciência não faria nada do que ele queria.
Ele a despia mais e mais. Luísa queria lutar, mas estava mole e nem sua voz saía direito.
"Não, não...". Era tudo o que ela conseguia fazer enquanto via ele abusar de seu corpo nu: pensar. E seus pensamentos a recriminavam, dizendo o quanto foi tola e idiota, que sem ele TUDO seria diferente.
Mais lágrimas ele fizera escorrer, mas não da dor de Luísa estar perdendo a virgindade, mas da vergonha do que acontecia com ela.
Culpada. Assim que ela se sentia: culpada daquilo que lhe acontecia e envergonhada em pensar em contar a seus pais e amigos.
"Não..."
Já era de noite, quando os amigos de Luísa a encontraram desmaiada aos arredores da entrada da festa.
Bêbada, deduziam alguns. Errados. Eles não perceberam as bochechas molhadas e as marcas invisíveis que James deixara em seu coração.
"James, aquele cachorro..."
Ana Luiza Pereira
Baseado em alguns relatos.