Um dia apático

Acordei
Mas nem levantei
Pro teto olhei
O ventilador eu vi
Pássaros cantando ouvi
Apenas dor senti
Lembranças vieram
Felizes eram
Mas apenas chorei
E nem levantei
De dor desmaiei
Pesadelos sonhei
Desgosto senti
E numa tristeza vivi
De novo acordei
A esperança que prezei
Esvai
Dela me despedi
E de novo chorei
Na cama que nem me levantei

Ana Luiza Pereira

Pior raça

Conversando outro dia com certas pessoas sobre violência e jogos violentos, percebo o quanto culpabilizam um jogo, que é nada mais e nada menos que uma válvula de escape da realidade que vivemos, por certas ações e escolhas do homem. Contudo, fazemos sempre a ação errada: achamos um fator para culpar e não fazemos a pergunta do que levou uma pessoa agir violentamente. Com certeza, a resposta está mais enraizada do que a simples ação de imitar um jogo.

A verdade é que vivemos numa sociedade cada vez mais doente e que adoece seus membros: numa família não se prega mais o amor e o respeito; há pessoas que nascem se sentindo um aborto, se culpam por terem nascido por causa da falta de afeto dos parentes. A depressão existe, sempre existiu na sociedade, mas agora está cada vez mais forte, pois a solidão e o egoísmo está nos ferindo até não aguentarmos mais. Sempre enxergamos o "eu" e nunca o outro. Quando o outro é assunto de nossas conversas, são sempre de formas mesquinhas. Vivemos numa época de valores perdidos e, por isso, a ética já foi pelos ares.

Parece até piada, mas pensando no que culpamos para retirar a culpa do ser humano, me faz crer que sou a pior raça que existe: "Gamer? O videogame só tem violência! Rockeira? Rock só fala do diabo! Otaku? Quem assiste animes japoneses tem depressão! Joga RPG? Não tem amigos!" Ah, peraí! Os problemas que eu possuo não tem nada a ver com os gostos que possuo e as atitudes que tomo são relevantes de acordo com a gravidade que encaro meus problemas. Por favor, entendam: se um dia eu matar alguém, com certeza, é porque na minha cabeça eu tive um bom motivo e a culpa é inteira e exclusivamente minha e não do que eu faço para escapar da realidade que me machuca ou não. Obrigada!

Ana Luiza Pereira